segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fábrica de sonhos

(Imagem retirada da Internet)

Sábado, 4h da tarde.

Mr. M, com a sua especial tendência para acidentes estranhos, ligou-me para ir "um bocadinho rápido" para sua casa, porque se cortou numa mão, com um cabo de vassoura que partiu enquanto a sacudia...

E voilá, lá vai a morena a correr, tal como estava, de havaiana no pé, atilhos das calças desapertados, óculos de ver postos e ar completamente esgroviado, em alta velocidade, para a maison do boy. Pelo caminho já pensava no que estaria cortado, para me dizer que fosse "um bocadinho rápido", já pensava, de mim para mim, que iria ser presenteada com a cabecinha de um dedo embrulhada num guardanapo.

Quando cheguei, lá inspeccionei o ferimento, Mr. M da cor da cal, um pano enrolado na mão e ala para o hospital, para tratar do assunto.

Chegados às urgências, lá entrámos e, feita a triagem e colocadas as devidas pulseirinhas (verde para ele, sinal que não iria morrer dos lanhos, e branca para mim que era a fiel acompanhante do sinistrado), encaminharam-nos para a sala de espera da pequena cirurgia.

E aqui entra a parte romântica da coisa. Enquanto esperávamos e partilhávamos estes bonitos momentos de dor, que aproximam duas pessoas, constatámos que, nas nossas lindas pulseirinhas, estava descriminado, para além das normais identificações do assunto (Mr. M., data de nascimento, freguesia, data do dia da ocorrência), Sonho nº: 179847.

Melhor que isto não poderia ser, o facto de termos esperado 4 horas para ser atendidos, o facto de chegarmos à conclusão que se tinham esquecido de nos atender, o facto de nos terem confirmado isso mesmo, o facto de termos ido pagar a taxa moderadora e descobrirmos que Mr. M tinha uma conta para liquidar, de 2002 a 2010, no valor de 43€, o facto de ter pago o bilhete de parque de estacionamento, e o tempo que levámos a chegar ao carro excedeu o tempo limite para o tirar de lá, o facto de ter de voltar para trás e ter de solicitar um novo  bilhete na secretaria do hospital... enfim, toda esta animação na nossa tarde não foi mais do que um bonito Sonho nº 179847...

E percebemos que o hospital Pedro Hispano, afinal de contas, é uma fábrica de sonhos.

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